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Descubra o escritor que ganhou o Prémio Camões

Autor de referência para muitos brasileiros, especialmente pelo livro “Lavoura Arcaica”, Raduan Nassar nasceu em 1935, no Estado de São Paulo, é filho de libaneses, estudou direito e filosofia, mas foi a literatura que o celebrizou.

A partir de hoje com um Prémio Camões, cujo júri justificou a escolha, com a sua promoção da consciência política e social, contra o autoritarismo, Nassar publicou o primeiro livro, o romance “Lavoura Arcaica”, em 1975, e, três anos depois, a novela “Um copo de cólera”. As duas obras seriam posteriormente adaptadas ao cinema. Em 1997 publicou uma coletânea de contos, “Menina a caminho”.

Hoje, com 80 anos, os últimos retirado e praticamente sem dar entrevistas, a obra do autor é curta, mas as edições e traduções, especialmente de “Lavoura Arcaica” e “Um copo de cólera”, não param de crescer.

Segundo a imprensa brasileira, no ano em que completou 80 anos, em 2015, Raduan desligou o telefone para não ser importunado e para ficar sossegado, como ficou nas últimas três décadas, não tendo voltado a escrever qualquer outro romance.

Filho de libaneses que emigraram para o Brasil nos anos de 1920, e se estabeleceram em Pindorama (São Paulo), foi aí onde iniciou os estudos, passando depois a viver com a família, na cidade vizinha de Catanduva e, mais tarde, na capital do Estado, em São Paulo.

Aos 20 anos, entrou para a Faculdade de Direito e de Letras mas, dois anos depois, mudou para Filosofia, curso que interrompe para viajar para os Estados Unidos e Canadá (e mais tarde Alemanha e o Líbano, já após o fim do curso). Aos 32 anos a sua primeira incursão na escrita, fundando com alguns dos irmãos o “Jornal do Bairro”.

O romance que o celebrizou, “Lavoura Arcaica”, começou a ser esboçado por essa altura, em 1968, mas só seria concluído seis anos depois.

Haveria de passar mais uma década e, em 1978, Raduan Nassar, o sétimo filho dos libaneses Nassar e Cassis, mudava de vida e comprava uma fazenda, dedicando-se à agricultura, atividade que mantém até hoje. Antes do jornal já tinha sido criador de coelhos.

Em Portugal, Raduan Nassar foi publicado apenas em 1999, quase 23 anos após a edição de “Lavoura Arcaica”, quando a novela surgiu no catálogo da Relógio d’Água, com um estudo de Sabrina Sedlmayer.

Seguiu-se, pouco depois, em 2000, a coletânea de contos “Menina a caminho”, na editora Livros Cotovia, que, em 2003, recuperaria o autor para a antologia de contos “Fotografia de grupo”, de vários autores.

A partir de então, os prémios à sua pouca obra multiplicaram-se (em 1976, “Lavoura Arcaica” ganhou logo o prémio de Romance da Academia Brasileira de Letras) e os livros foram traduzidos em espanhol e francês, italiano, alemão e inglês, já este ano.

Recebeu ainda o prémio Ficção para “Um copo de cólera”, e o prémio Jabuti Revelação, da Câmara Brasileira do Livro, pela obra de estreia, entre outras distinções.

Mas, sobre a fama, pouco se parece importar, mantendo-se leal ao campo e, se calhar, à “lavoura arcaica”, raramente dando entrevistas ou aparecendo em público. E, hoje, se calhar, lá desligou de novo o telefone.

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