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Da translação dos corpos celestes

Quando as noites eram nossas
as marés colidiam com as estrelas
as constelações vinham cair
no vão da minha mão,
que depois só sossegava
no teu rosto e na orla da tua foz
que é nascente ao mesmo tempo.

Entregavas o peito ao vento suão
deixavas cravar os meus dedos nas tuas coxas
e juntos fendíamos novos caminhos no mundo,
rotas de sede, cartas de almarear,
mapas de suor e sal.

E no teu molhe afagavas-me as naus
que com ímpeto e vontade embatiam
com violência e força na tua geografia desejada
para finalmente se derramarem profusas
na baía branca do teu delta ofertado.

E as manhãs eram promessas
de que tudo era possível
os instantes infinitos
nos teus braços e nos teus olhos
a tua boca na minha pele.
O tempo distraí-se a observar-nos
e perdia a noção dos segundos,
dos minutos e das horas, hesitava,
depois, de repente, acelerava
e o universo que de repente
se tornara visível
não dava conta que a translação
dos corpos celestes
tinha mudado para sempre.

JLC19062018

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