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“A culpa é das estrelas” de John Green

Sinopse

Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente reescrita.

PERSPICAZ, ARROJADO, IRREVERENTE E CRU, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e comovente que o premiado autor John Green nos apresentou até hoje, explorando de maneira brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado.

Opinião

Comecei o dia em que (comercialmente) se comemora o amor lendo o desfecho de uma juvenil e tocante história de amor. Uma história de amor que une dois adolescentes cujas vidas não são propriamente as vidas típicas de quem tem 16 ou 17 anos. São vidas que, desde que se lembram, estão intrinsecamente ligadas a uma doença terminal e à luta que vão combatendo para que essa doença não leve a melhor.

Se refletirmos sobre esses três elementos chave que determinam o desenrolar desta história – amor, juventude e cancro – poderíamos pressupor que a sua leitura teria que estar acompanhada do inevitável pacote de lenços (pelo menos para leitores como eu, que derramam lágrimas com muita facilidade). Pelo contrário, apesar de ter vertido algumas, as mesmas não são sinónimo de uma leitura lamechas. E essa não lamechice é, na minha opinião, uma mais-valia desta obra. O seu estilo varia assim entre o cómico, o irónico, o comovente, o realista e até, como nos é dito na sinopse, o cru. Somos confrontados com passagens que espelham fidedignamente o que deve ser o dia-a-dia de um doente terminal, com dores, medos, desânimos, que ora se sente com pouca ou nenhuma vontade de levantar-se da cama, de enfrentar um mundo que se compadece de si, ora tenta ignorar a proximidade da morte e decide desfrutar dos dias que ainda são seus.

Hazel e Gus são o retrato disso mesmo. E é quase impossível não nos apaixonarmos por eles… São adolescentes curiosos, divertidos, sensíveis, amantes da leitura (o livro está sempre prontinho para amaciar as longas horas de Hazel) e que trocam diálogos que espelham o quanto o sofrimento e experiências duras os amadureceram.

Uma das coisas de que mais gostei nesta obra foi o facto de os livros estarem por todo o lado. Sobretudo um, fictício, é verdade, mas que se transformou numa Bíblia para Hazel e que teve e terá um papel preponderante na sua vida de antes e na sua vida com Gus. Para mim, é mais uma prova (se é que ainda preciso de provas…) de como o ato de ler, de nos abstrairmos da realidade e todos os dias vivermos outras vidas, experimentarmos outras sensações e sentimentos, identificarmo-nos ou não com essas experiências, nos traz evasão, prazer, sabor, comunhão, enfim, um número sem fim de razões para sermos mais felizes e mais cientes de nós mesmos e dos outros.

A leitura de A Culpa é das Estrelas não foi a que mais me arrebatou até hoje, mas fez-me sorrir, rir, chorar e refletir numa realidade que felizmente não conheço de muito perto, mas acerca da qual temos que estar informados, porque o conhecimento não é demais. E, não menos importante, com Hazel e Gus voltei à adolescência, aos prazeres de um primeiro amor, que tanto nos arrebata e faz esquecer o mundo! Thank you for that!

 

NOTA – 8/10

 

in http://osabordosmeuslivros.blogspot.pt/

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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