Crianças lusodescendentes estudam em “imersão” nos Estados Unidos
Alunos de uma escola primaria e infantil de Brockton, em Massachusetts, nos EUA, serão a partir de setembro os primeiros a experimentar um programa de imersão em português, com disciplinas lecionadas em ambas as línguas.
O programa, que tem o nome “Unidos”, acontece na Escola Oscar Raymond e arranca com duas classes infantis, com 33 meninos e 34 meninas. No segundo ano, será expandido ao primeiro ano da primária e assim por diante até ao quinto ano.
A diretora de educação bilingue para as escolas públicas de Brockton, Kellie Jones, explicou que a iniciativa está aberta “a qualquer família que queira desenvolver o bilinguismo e a biliteracia” e que “50% da instrução será dada em inglês e 50% será dada em português.”
Dois professores estão responsáveis pelo planeamento do currículo para assegurar a transição entre as duas línguas.
Jones explicou ao jornal The Enterprise a escolha do português dizendo que é a sexta língua mais falada no mundo, citando uma lista publicada pelo governo dos EUA com as línguas de que o país tem mais necessidade e nomeando a grande comunidade portuguesa, brasileira e cabo-verdiana que existe em Massachusetts.
O programa estará limitado a crianças com família de países de língua portuguesa.
“Podemos construir com base naquilo que já existe e ajudar a desenvolver capacidade importantes para o século XXI”, disse a responsável.
O programa segue o exemplo do que já acontece com o espanhol na Escola Primária George, também em Brockton, onde existe neste momento uma lista de espera com 100 alunos. Nos próximos anos, será expandido para o francês.
“Somos uma cidade que serve de porta de entrada para pessoas de todo o mundo. É importante que as nossas crianças aprendam línguas. Escolhemos culturas e línguas que reflitam a nossa vibrante comunidade”, disse a superintende das escolas de Brockton, Kathleen Smith.
Os responsáveis garantem que este tipo de educação tem grande influência no vocabulário das crianças, no desenvolvimento do seu pensamento critico e que estes jovens costumam pontuar 250 pontos acima da média nos exames de acesso a universidade (SATs).
O trabalho de planeamento do programa em português, que incluiu uma equipa de educadores, administradores e parceiros de universidades e institutos de línguas, foi desenvolvido com uma bolsa estadual de 73 mil dólares (cerca de 67 mil euros).