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Criação de Rede Lusófona visa combater as ‘fake news’

A Rede Lusófona pela Qualidade de Informação vai ser criada na próxima semana durante um congresso internacional em Coimbra, que pretende trabalhar questões como as ‘fake news’ ou a ética e a deontologia nos países de língua portuguesa.

O congresso, intitulado “Ética e Deontologia do Jornalismo no Espaço Lusófono”, realiza-se na terça e quarta-feira, em vários espaços da Universidade de Coimbra, e vai contar com a assinatura do acordo para a criação da Rede Lusófona pela Qualidade de Informação.

Apesar de ser um projeto que começou a ser pensado há alguns anos, as ‘fake news’ (notícias falsas) acabaram por influenciar o próprio nome da rede, em que ao afirmar ser “pela Qualidade de Informação” é uma forma de “marcar claramente um posicionamento, uma vontade própria da rede”, disse à agência Lusa o membro da comissão instaladora desta estrutura e presidente da comissão organizadora do congresso, Carlos Camponez.

Nesse sentido, a Rede Lusófona pela Qualidade de Informação pretende centrar-se nas questões da ética e deontologia do jornalismo, mas também abordar a literacia mediática como uma forma de combater as ‘fake news’.

Esta estrutura vai ter pelo menos um representante de uma universidade ou centro de investigação de cada um dos países de língua portuguesa (com exceção de Timor-Leste que terá um representante do Conselho de Imprensa daquele país), disse Carlos Camponez, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

A rede vai contar ainda com um representante da Rede Nacional de Observatórios de Imprensa do Brasil, juntando-se ainda de Portugal membros do Clube dos Jornalistas, Sindicato dos Jornalistas, Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e investigadores da maioria das instituições de ensino superior com cursos de comunicação social, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e ainda o presidente da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau (que também é o representante da universidade daquele país).

Posteriormente, cada membro poderá promover e alargar o número de representantes a nível nacional, explicou, referindo que a rede vai realizar-se com o apoio da reitoria da Universidade de Coimbra e do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, querendo avançar com candidaturas a financiamento para projetos que possam ser desenvolvidos no seio desta estrutura.

Num primeiro momento, esta estrutura pretende fazer um enquadramento da profissão bem como um levantamento de informação sobre questões de ética e deontologia nos diferentes países, procurando também desenvolver estudos comparativos, referiu à Lusa Carlos Camponez.

A informação será disponibilizada numa plataforma que vai funcionar como observatório da deontologia do jornalismo no espaço lusófono.

“Uma das ideias é partilhar conhecimento. Gostávamos de saber se o que fazemos em Portugal é útil para o Brasil ou o que o Brasil faz e que pode ser útil para outros países” e por aí em diante, frisou.

Depois de um primeiro momento de recolha de informação e da sua disponibilização para o público em geral, a rede pretende avançar também com trabalho na área da literacia para os ‘media’.

“As pessoas tratam tudo como informação, como jornalismo, e não é”, notou o docente, considerando que “não se pode exigir apenas dos ‘media’ e do jornalismo. As pessoas tomam opções todos os dias e são responsáveis por isso, por aquilo que leem ou não leem”.

“Com a tentativa de se lutar contra a questão das ‘fake news’ podem criar-se outros problemas. A tentativa de combater esses problemas pode resvalar para processos de controlo e de censura da própria informação. Achamos que a melhor forma de resolver isto é criar associações críticas e, sobretudo, a longo curso, uma opinião pública crítica sobre aquilo que se lê. Essa é a melhor forma de assegurarmos um controlo da qualidade de informação, sem processos com problemas sérios nas questões da liberdade de comunicação”, salientou Carlos Camponez.

Para o docente, quando se fala de qualidade de informação será sempre fundamental envolver também as questões da ética e da deontologia, porque se é vista como um dever para um profissional “é um direito de um leitor”.

“As questões éticas e deontológicas são o núcleo da qualidade da informação. Ao centrarmo-nos nestas questões estamos a estabelecer o nosso campo de atuação. O que nos interessa é o jornalismo”, disse.

O congresso internacional vai abordar questões como a autorregulação, práticas e desafios da profissão e ética no jornalismo.

As conferências inaugural e de encerramento estão a cargo do docente finlandês Kaarle Nordenstreng e do espanhol Hugo Aznar, respetivamente.

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