Um dia, meus pais estavam, com outros caminhantes, a tomar um lanche perto da Senhora da Laje.
Um rapazito, atraído, pelo cheiro, não da carqueja mas dos rojões, aproximou-se imperceptivelmente do grupo.
Minha mãe, vendo-o, tão só e de olhar tão cândido, ofereceu-lhe uma sandes.
O rapazito, como português de outrora bem-educado, respondeu com lentidão: – Obrigado, não quero!
Quando as pessoas começaram a arrumar os restos do farnel, o rapazito, aproximou-se da pedra com toalha a servir de mesa e, de olhar mais vivo e de voz meiga, disse: – Minha senhora, eu menti!
Minha mãe, surpreendida, retorquiu: – Mentiste o quê?
– Sabe, eu disse que não queria mas queria!