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Portugal

Cinco cidades protestam pelos direitos das mulheres

Manifestação contra a cultura da violação © MÁRIO CRUZ / LUSA

Ativistas de meia centena de associações e coletivos ligados aos direitos das mulheres saíram esta tarde à rua em cinco cidades do país entoando a frase “Mexeu com uma, mexeu com todas”, num protesto pacífico mas propositadamente ruidoso.

No Porto, e declarações à agência Lusa, Patrícia Morais, da rede de ativistas “Parar o machismo. Construir a igualdade”, explica que a concentração, inicialmente pensada para esta cidade pela sua tradição na realização de eventos do género, acabou por reunir “iguais vontades e ideias” em mais quatro cidades: Braga, Lisboa, Coimbra e Faro.

“Por mim, por ti, por nós e pelas outras” ou “Caminhar num espaço público, não torna o meu corpo público”, bem como “Um decote não é um convite” e “Eh pah, não é não!” – são algumas das frases que se leem nos cartazes elevados maioritariamente por mulheres, mas também por muitos homens presentes.

Ao mesmo tempo, ouve-se gritar: “A nossa luta é todo o dia, somos mulheres, não mercadoria” ou “A violência contra a mulher não é um mundo que a gente queira”.

De acordo com Patrícia Morais mais de 50 associações, coletivos e partidos políticos decidiram aderir à iniciativa e estão a distribuir o manifesto que tem como título “O que é a cultura da violação?”. A resposta é dada em seis parágrafos, nos quais é exigido que “num país de brandos costumes, as mulheres deixem de ser cidadãs de segunda”.

“A cultura de violação é aquela que afirma, confortavelmente, que os homens são incapazes de controlar os seus impulsos sexuais, desculpando, por isso, os comportamentos agressivos, procurando naturalizá-los”, lê-se no manifesto.

“Uma sociedade que aceita e assimila esta cultura é uma sociedade que relativiza os crimes contra a autodeterminação sexual. Respeitamos todas as vítimas. Não temos a ousadia e dizer o que faríamos se estivéssemos no lugar delas, porque não estamos”, continua o texto.

Esta é a terceira concentração do género que acontece este ano. A primeira decorreu a 21 de janeiro, no âmbito de um movimento internacional, conhecido como a “Marcha das Mulheres”. Seguiu-se uma manifestação a 08 de março.

“Nós saímos à rua sempre que for necessário e se ainda não chegamos a metade do ano e é a terceira vez que temos de sair à rua, significa que a luta vai ser intensificada. Conseguimos em cinco dias juntar ativistas e feministas em cinco cidades diferentes. Isto significa que há aqui uma urgência e consciência de que as coisas têm de mudar”, refere Patrícia Morais.

Para Sara Leão, do Coletivo Feminista do Porto, é preciso “chamar a atenção para a normalização que se faz da violência contra as mulheres, fazer uma reflexão em conjunto e visibilizar esta causa no espaço público”.

“[Temos de ]mostrar que queremos que isto acabe”, diz Sara Leão à Lusa, lançando a responsabilidade sobre a sociedade no seu todo, mas também sobre as universidades e escolas como instituições do sistema educativo e “muito sobre o Estado na medida em que tem a oportunidade de fazer legislação como a lei contra o assedio de rua”, exemplifica.

Além dos cartazes, a concentração na Praça Gomes Teixeira, conhecida como praça dos Leões, carateriza-se pelo som de apitos e megafones.

“Se falarmos baixinho, as pessoas não entendem. Falamos alto para que as mensagens sobre a igualdade e dos direitos da mulher passem”, descrevem os participantes do protesto que tem como lema “Não à cultura de violação – Mexeu com uma, mexeu com todas”.

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