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O cata-vento rosa

© Pixabay

A facilidade com que os socialistas portugueses se colaram à vitória de Emmanuel Macron, apesar de alcançada à conta da humilhação infligida aos congéneres em França, é tão surpreendente quanto a descolagem forçada em relação a Rui Moreira no Porto, depois de todos os elogios feitos que agora esquecem. Gere-se sem pudor o sim e o não sobre as mesmas pessoas, num curto espaço de tempo. As palavras ditas, a coerência política, as convicções ideológicas, valem pouco nos tempos que correm.

Iludidos pela deriva à extrema-esquerda com que Portugal surpreendeu a Europa, os socialistas franceses escolherem em primárias a opção equivalente de Benoît Hamon, que na primeira oportunidade veio a Lisboa estudar a “brinquebalante” – a “geringonça” – convencido de que António Costa tinha “descoberto a pólvora” que se repetiria em terras gaulesas. Disputadas as presidenciais, Hamon contou 6,4% dos votos, registando uma derrota histórica. Hamon politicamente morto, presidente posto. Agora, Macron é que é, mesmo se há três semanas não era. A política consegue ser implacável.

Ainda assim e para que conste, se Hamon escolheu Portugal para deslocação de campanha, Macron preferiu a Alemanha para o pragmatismo estratégico. Foi à chanceler Merkel e não a António Costa que Macron quis dar o primeiro abraço. Foi a dois, com os germânicos, e não a 19, com todos os outros, que começou a discutir a reforma institucional da Zona Euro, propondo sem mandato um ministro das Finanças central e um orçamento autónomo. Já agora, foi claro na rejeição da mutualização das dívidas passadas, obliterando o lirismo da proposta do grupo de trabalho do PS e do BE, que reclama da Europa o pagamento de 31% da nossa dívida.

No Porto, o relativismo da convicção socialista também vai fazendo a sua escola.

No início de maio, Ana Catarina Mendes garantia que a decisão de apoiar a recandidatura de Rui Moreira era “irreversível”. Secundava o apoio dado por Manuel Pizarro e as declarações abonatórias do presidente concelhio do PS. O vento mudou. De onde vinham elogios, chovem agora insultos. E para paradigma desta crónica, recorde-se Ana Gomes em representação de todos. Em janeiro de 2017, dizia: “É ótimo o PS poder contar com Rui Moreira para o Porto. Ele é o expoente máximo da seriedade e competência”. E em maio de 2017 disse: “Rui Moreira está a deixar o Porto de rastos. É importante que os portuenses queiram a mudança”.

Pelo caminho não faltará quem tenha aplaudido uma declaração e a outra, apesar da incompatibilidade dos termos. Tudo muito estranho.

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