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Carta ao meu amor nunca

Ao meu amor nunca
ao meu amor único
porque foste única
como o único amor que fizemos
esse amor que tanto renegámos
esse amor que não queríamos
de tanto o querer
esse amor do qual ríamos
esse amor que amordaçámos
durante tanto tempo.

Esse amor foste tu
sem que eu nunca o proclamasse
sem que tu nunca o proferisses
e, no entanto, em tudo o que dizias,
em tudo o que fazíamos,
até no amor que dizíamos não ser,
esse amor era e ardia. E como ardia…

Nós sabíamos, mas não queríamos.

Mas o amor tem quereres
e quer lá saber de nós.

Esse amor foste tu
esse amor foste tudo
tão pleno, tão inteiro,
nasceu tão espontâneo e natural
como dois estranhos que se tivessem reconhecido
ao passar um pelo outro no meio da multidão.

Tu, tão tu, simplesmente tu,
tão inteiramente tu,
e deste-te assim a mim
nua, despojada, entregue, verdadeira,
já sem máscaras…
há maior dádiva?

E contigo pude ser eu,
mais eu do que jamais fui
mais eu do que jamais ousei ser
mais eu que até me desconhecia.

Esse amor foste tu
esse amor que dei de barato
numa madrugada perdida.
Esse amor que neguei
só o reconheci depois de já não o ter,
depois de já não te ter.

Ao meu amor nunca,
que foi muito mais do que nenhum outro.

JLC11042017

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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