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Balcão “ambulante” leva serviços públicos às aldeias de Ourique

Com o slogan “mais perto de si”, uma carrinha para e buzina à entrada da aldeia de Grandaços, em Ourique, no interior do Alentejo, anunciando a chegada do novo serviço municipal de atendimento “ambulante” e “voz amiga”.

A buzina da carrinha, que ‘transporta’ o Balcão de Atendimento Itinerante de Ourique para prestar serviços públicos aos habitantes das localidades do concelho, sobretudo a idosos, quebra o silêncio da aldeia, atraindo os primeiros utentes.

Embalada pela curiosidade, Rita Ventura, de 54 anos, larga num banco de rua os sacos de compras que carrega, aproxima-se da carrinha, cumprimenta a assistente social e técnica do balcão Zélia Piedade e pergunta-lhe: “Que carrinha é esta?”.

Zélia convida Rita a entrar e a sentar-se e explica-lhe ser o balcão de atendimento “ambulante” da câmara, que irá uma vez por mês a todas as localidades, como Grandaços, para as pessoas poderem tratar de vários assuntos sem terem de ir à sede de concelho.

No balcão, as pessoas podem entregar receitas para comparticipação municipal de medicamentos e candidatar-se a incentivos à natalidade e bolsas de estudo, explica Zélia à agência Lusa.

Também podem beneficiar de ajuda para preencher a declaração de IRS e de outros serviços, como pagar faturas e carregar o saldo do telemóvel, o que é “bastante útil”, porque em várias localidades, como Grandaços, não há caixas multibanco, sublinha Zélia.

A carrinha, frisa a assistente social, permite aos munícipes tratarem de assuntos do dia-a-dia “a custos menos significativos” porque “não têm de pagar transportes” para irem à vila.

Sublinhando que a população tem reagido “muito bem” ao novo serviço, Zélia refere que muitas pessoas, sobretudo os idosos, também procuram as técnicas do balcão para terem “companhia” e “uma voz amiga” para falar.

“A gente tem falta disto. Nem sempre temos possibilidades de ir a Ourique” e, na carrinha, “fazemos o governo igual” e “é mais fácil e mais barato”, refere Rita, satisfeita por não ter de pagar transporte.

O balcão “dá jeito, é um serviço importante, ajuda, facilita”, porque, “às vezes”, as pessoas têm “de ir de propósito à vila” só para pagar faturas, conta à Lusa João Estrudes, de 81 anos, depois de ter visitado a carrinha e recebido uma explicação de Zélia.

Também satisfeita, Ercília Assunção, de 85 anos, refere que o balcão “é um serviço muito bom”, porque em Grandaços não há onde se possa efetuar pagamentos e, muitas vezes, é “obrigada” a ir a Ourique de propósito só para pagar contas.

Pagar faturas, como as de eletricidade, água e telefone, “pode parecer uma coisa banal do dia-a-dia, mas quem conhece o concelho e a realidade do mundo rural sabe que para muita gente é difícil ter acesso a esse conjunto de serviços”, diz à Lusa o vereador da Câmara de Ourique responsável pela modernização administrativa, Marcelo Guerreiro.

As pessoas que vivem nas localidades rurais, sobretudo os idosos, “têm uma dificuldade muito grande em fazer esses pagamentos, porque têm de se deslocar à sede de concelho”, o que, nalguns casos, pode implicar uma viagem de mais de 40 quilómetros, frisa.

O concelho é “muito rural” e tem uma população muito dispersa por uma área de 660 quilómetros quadrados e, por isso, a autarquia criou o balcão itinerante para permitir às pessoas “um acesso muito mais fácil aos serviços públicos”, explica o vereador.

O balcão, que custou 70 mil euros, financiados por fundos comunitários, vai percorrer o concelho para aproximar as pessoas dos serviços públicos, aos quais “todos têm direito”, porque “não podem existir portugueses de primeira, nem de segunda”, frisa.

O balcão itinerante vai deslocar-se a todas as localidades do concelho uma vez por mês e no mesmo dia em que também irá a unidade móvel de saúde.

Desta forma, as pessoas “vão poder fazer dois em um, quando vão ao médico para ter acesso aos cuidados de saúde também poderão tratar das coisas banais do dia-a-dia, como pagamentos”, sublinha.

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