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Atribuição do nome de Ronaldo ao aeroporto da Madeira longe do consenso

A atribuição do nome Cristiano Ronaldo ao Aeroporto Internacional da Madeira, que será assinalada na quarta-feira, não é um assunto consensual entre os madeirenses, sendo comum ouvir-se opiniões contrárias à mudança, apesar da admiração geral pelo futebolista.

“Ele é madeirense e muito famoso e cada pontapé que dá na bola é um elogio para Madeira”, disse à agência Lusa Rosa Lopes, 64 anos, empresária de comércio, realçando, no entanto, que “há outros madeirenses mais antigos que mereciam ter o nome no aeroporto”, como, por exemplo, o ex-presidente do Governo Regional Alberto João Jardim.

A opinião é partilhada por Teresa Camacho, 48 anos, funcionária pública, para quem Cristiano Ronaldo constitui uma “grande promoção e publicidade” para a Madeira, mas, na verdade, “não contribui diretamente para o desenvolvimento da ilha”, ao contrário do que considera ter acontecido com o ex-governante.

Sandra Câncio, funcionária pública de 39 anos, também é perentória: “Para mim, o nome Aeroporto da Madeira deveria ser mantido. A ser alterado, esta alteração deveria ser motivada pela vontade popular em homenagear alguém que tenha sido muito importante para a Madeira. Neste caso, parece mais uma forma de publicidade e de promoção.”

Outros cidadãos entendem que não faz sentido dar o nome de pessoas vivas a infraestruturas, como é o caso de Celso Freitas, empresário de comércio de 36 anos, que considera existir outras individualidades que “fizeram tanto pela Madeira e não têm sequer o nome numa rua”.

Mário Pereira, 55 anos, motorista aposentado, também discorda “completamente” da nova designação, lembrando que “o aeroporto já era da Madeira muito anos de Cristiano Ronaldo ter nascido”, pelo que “não é pelo facto de ele ser uma vedeta que se vai agora andar a mudar o nome”.

Por este pensamento alinha Carlos Gomes, nadador-salvador de 57 anos, para quem “não se devia mudar o nome do aeroporto”.

Susana Canha, 46 anos, funcionária pública, expressa, por seu lado, uma posição contrária à mudança de nome do aeroporto, bem vincada: “A imagem de Cristiano Ronaldo já está por demais divulgada e ligada à nossa ilha, pelo que não era necessário essa mudança. O que faz sentido é manter a denominação anterior, uma vez que o nome da nossa ilha será sempre mais importante e permanente do que qualquer outra individualidade.”

Para algumas pessoas ouvidas pela Lusa, a decisão do Governo Regional em atribuir o nome do futebolista ao Aeroporto Internacional da Madeira é indiferente, como no caso de Paulo Bento, empresário de comércio, e de António Silva, funcionário público.

Um lembra que Cristiano Ronaldo já tem uma estátua, uma praça e um hotel com o seu nome no Funchal; outro sublinha que o mais importante é que o aeroporto se mantenha sempre a funcionar em pleno.

Depois, por entre discussões e debates em rodas de amigos, nas redes sociais e nos cafés, há sempre espaço para a ironia.

“Acho que o aeroporto deveria chamar-se dona Dolores”, disse à Lusa Artur Gomes, um empresário de 29 anos do ramo da informática, explicando, entre sorrisos, que “era melhor dar o nome da mãe em vez do nome do filho”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, marcam na quarta-feira presença numa cerimónia de homenagem ao futebolista Cristiano Ronaldo, que passa a ter o seu nome associado ao Aeroporto Internacional da Madeira, a ilha onde nasceu.

A partir deste dia, em termos comerciais, o aeroporto da Madeira passa a usar o nome de Cristiano Ronaldo, mas a designação oficial só estará confirmada quando estiver concluído o processo burocrático desencadeado para a alteração.

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