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Aljustrel: atração de investimentos não passa pela emigração

Segundo as opiniões da generalidade de conferencistas, moderadoras, comentadores e participantes, as Conferências de Aljustrel – edição 2015 constituíram de novo um êxito, quer pela qualidade informativa, formativa e reflexiva, quer pelas energias positivas geradas e pistas de orientação para intervenções em prol de se construir Territórios Atrativos nas Baixas Densidades.

De realçar a intervenção de abertura do presidente Nelson Brito da Câmara Municipal de Aljustrel, que bem definiu os desafios e expetativas desta edição.

Quanto ao tema do 1º Painel : “Estratégias Atrativas, “Memórias” e Marketing Territorial”, moderado por Ana Paula Figueira, pretendeu-se destacar algumas pistas deixadas por Mário Vale, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, segundo o qual “tendo havido um excesso nas infraestruturas, hoje há que apostar nos investimentos imateriais, centrando-se na qualificação das instituições locais e regionais e nas pessoas, sabendo conciliar especializações inteligentes, com um largo menu de atividades”. Quanto a novas potencialidades dos Territórios Atrativos nas Baixas Densidades nos tempos futuros, referiu os novos paradigmas: Envelhecimento Ativo, Vida Saudável, Alterações Climáticas, Segurança Alimentar e Planeamento e Economia Cívica.

A apresentação do projeto “Festival Bons Sons”, por Luís Ferreira, demonstrou como uma aldeia de mil habitantes se mobiliza e organiza comunitariamente à volta de um projeto autossustentado com um festival que, na edição de 2014, juntou quase 40 mil participantes. Foi “uma lufada de ar fresco e um tónico energético”.

No que toca ao tema do 2º Painel : “Contributos da Diáspora – Migrantes Internacionais & Desenvolvimento Local”, a conferência de Rui Pena Pires, Coordenador do Observatório da Emigração, foi de grande riqueza, tendo desmistificado um conjunto de ideias feitas sobre imigrações em Portugal. Quanto aos contributos da diáspora, agendou cinco orientações: “fomento das relações entre a origem e destino”; “fomento da circulação de quadros”; “potenciação das Remessas”;” captação de conhecimentos e tecnologias” e “captação de investimentos privados”. Nesta lógica, a aposta no regresso de emigrantes foi considerada de resultados reduzidos.

Neste painel, as apresentações dos projetos da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA), pelo cabo-verdiano Paulo Mendes, tornaram visível como o fomento de iniciativas de integração dos imigrantes é importante para as comunidades de destino, mas, também, para os locais. Na sua intervenção, Paulo Mendes referenciou, ainda, projetos de cooperação virados para desenvolvimento da sua ilha de origem. Sara Albino, cofundadora do Projeto Buinho, de Messejana (Aljustrel), cativou pela originalidade da iniciativa empresarial que aposta nas novas tecnologias e numa atração de jovens quadros muito qualificados, sendo que estamos perante um projeto da diáspora, pois Sara nasceu e viveu em Messejana, regressando agora às origens para implementar o projeto.

Referir, ainda, o comentário do jornalista Jorge Wemans que fez questão de salientar “que só há territórios atrativos se os que lá vivem se sentem de bem com a sua comunidade” e, por outro lado, “que mais que campanhas de marketing, é fundamental ter-se sempre uma lógica de só criando se conseguem intervenções úteis e eficazes”.

Da sessão de encerramento, é de destacar a conferência de Fátima Ferreiro (ISCTE) que destacou a relevância do agroflorestal nos TLB rurais, bem como as potencialidades do fator proximidade para projetar iniciativas e empreendimentos sustentáveis. Por outro lado, Miguel Torres (ACERT) encerrou as conferências, como se de uma sessão de abertura se tratasse, pois as Conferências de Aljustrel já se constituíram como uma referência e processo contínuo de congregação de investigadores e agentes/ atores que se batem por colocar o “Território” na ordem do dia das agendas políticas e mediáticas.

Por último, o presidente da CCDRA, António Dieb, centrou a sua intervenção na necessidade de todos serem rigorosos e corajosos em cumprir com as estratégias e indicadores que foram consensualizados no “Alentejo 2020”, para que as ambiciosas metas acordadas possam ser atingidas. Terminou reafirmando a relevância e oportunidade das Conferências de Aljustrel, pelo que o Município de Aljustrel poderá contar com a colaboração e apoio da CCDRA para este evento.

De realçar as diversas e ricas intervenções do público presente, que contribuíram, sobremaneira, para enriquecer os momentos de debate e os resultados da edição 2015 das Conferências de Aljustrel, que regressarão em 2017, assumindo uma periodicidade bianual.

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