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Ainda os emigrantes lesados do BES/Novo Banco

A luta dos emigrantes lesados do BES/Novo Banco está ainda longe de ter terminado, não obstante o Primeiro-Ministro, António Costa, se ter interessado pelo problema, o que não aconteceu de todo com o anterior Governo do PSD/CDS, que deixou as coisas andar sem demonstrar qualquer preocupação com o drama que milhares de emigrantes viviam e ainda hoje vivem.

Atualmente, parece mesmo existir uma clara convergência na compreensão da situação injusta dos emigrantes lesados do BES/Novo Banco por parte do Governo, do Banco de Portugal e da CMVM. O único problema está na teimosia inqualificável do Novo Banco em recusar sentar-se à mesa para negociações corretas e sérias.

No fundo, passado todo este tempo, pode dizer-se que a situação de todos os emigrantes lesados, tenham ou não assinado as propostas do Novo Banco, continua à espera de uma solução justa que honre o esforço de uma vida dura de trabalho, na esperança legítima de um regresso tranquilo ao país, para gozo da reforma ou para investir.

Daí que seja chocante ver a displicência com que o Novo Banco tem tratado os emigrantes lesados, a grande maioria pessoas humildes e com mais de 65 anos, como se não fossem merecedores do mesmo respeito que qualquer outro lesado, e como se a banca portuguesa não precisasse de restaurar a confiança perdida com os desmandos dos últimos anos.

Com a recusa em encontrar uma solução justa, séria e transparente, o Novo Banco tem demonstrado uma arrogância intolerável e falta de sensibilidade com o drama que muitos hoje vivem, desfalcados das suas posses e alguns mesmo sem grandes recursos alternativos.

A verdade é que os então agentes do BES levaram ao engano milhares de emigrantes que foram convencidos que estavam a constituir poupanças, sem nunca suspeitarem que afinal o seu dinheiro estava a ser usado em off shorespara fins especulativos… E, apesar de tudo isto, continuam a agir com indiferença, como se não tivessem responsabilidade pela destruição de alguns milhares de vidas.

Dos cerca de 8000 emigrantes lesados, uma parte já foi convencida que não poderia recuperar o que confiou ao BES. Outra parte, onde se incluem os que subscreveram produtos com nomes tão apelativos quanto enganadores, como Poupança Plus, Top Renda e Euro Aforro, está agora encostada à parede porque, com toda a legitimidade, se recusaram a assinar contratos que suscitavam muitas dúvidas, que agora se estão a revelar absolutamente pertinentes. Este grupo tem sido defendido pela AMELP/BES-NV, que não desiste de batalhar para reaver o que lhes pertence.

Se o comportamento do BES de então foi reprovável por fazerem crer aos emigrantes que as suas poupanças estavam em segurança, não é agora menos inaceitável que a atitude do Novo Banco seja a de levar alguns milhares de lesados a assinar contratos opacos e enganadores. Só que, perante a chantagem e o medo de poderem perder tudo se não assinassem, essas pessoas humildes acabaram por assinar um documento que agora compreendem que não lhes dá quaisquer garantias para o futuro. E, como é compreensível, esta situação está a gerar muita revolta, visto que, na melhor das hipóteses, apenas conseguirão reaver uma ínfima parte daquilo que confiaram ao BES, além de estarem atados de pés e mãos, porque nem sequer podem reagir judicialmente ou com denúncias públicas, senão correm o risco de serem processados, conforme estão obrigados nos termos dos contratos que assinaram.

Ou seja, passado quase um ano da assinatura desses contratos, percebe-se que as obrigações que lhes entregaram não têm valor nem garantia de rentabilidade. Com a agravante de só vencerem entre 2047 e 2051, quando essas pessoas já tiverem mais de 100 anos. E também não as conseguem vender, porque ninguém quer comprar papel sem valor que só vence daqui a 35 anos e ainda para mais que já sofreu uma acentuada desvalorização num só ano. Além disso, foram discriminados, na medida em que os portugueses que subscreveram o mesmo tipo de produtos, mas eram residentes em Portugal, viram o seu problema resolvido com depósitos em dinheiro.

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