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Ai senhor ninguém nos acode

Era um povo de telejornais e doutores

Com muito telelixo. Gregos, Troikanos e Troianos

uma apresentadora vesga de amores

prega a um pretoguês assentado no sofá

uma canastra de palavrões e peixarada;

uns berram, outros uivam anda cá oh! Pá

que ideia é essa, que estás a defender ?

E o telespectador assiste alegre e impávido !

Ai Senhor quem nos acode  e quem pode

Estamos no fim do mundo e pés prá cova

Já não sei dançar vira nem rusga.

Com gente de uma mentalidade fatalista

Uma sociedade anda à deriva e devassa

Autentica Sodoma e Gomorra fadista

num país de extremos, burlas e com traça.

Onde um povo a saque e a soco

absorve impávido e com muito telelixo

novelas, telenovelas à mesa e lareira

gritam espectadores “Amor de ouro” ou “Amor Salgado”

onde um actor piolhoso e ordinarote

impinge à audiência frágil nenhuma moral

mesmo ali à maneira livre e sem garrote.

E ninguém diz, ai Senhor. Quem nos acode?!…

Quem nos abrirá uma mente fechada?

O Presidente? O Primeiro?

Será que alguém pode?

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