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A nós, o que de nós depende

Costumo dizer em conversa com amigos mais próximos que devemos ser das primeiras gerações que tem uma qualidade de vida inferior à sua geração anterior. Os nossos pais, na sua maioria, têm melhores empregos, melhores horários e, por isso, uma vida mais descansada e menos stressante. Se pegarmos no exemplo de um jovem de 23 anos, acabadinho de sair da universidade com um curso qualquer (à exceção de medicina que apenas confirma a regra), sabemos que o mais certo é que, se esse jovem tiver mesmo de trabalhar por imperativos económicos ou de qualquer outra ordem, ele terá de aceitar um emprego fora da sua área, com mais horas do que aquelas que são previstas por lei e vai ganhar algo inferior ao salário mínimo. A juntar a isto tudo, sabe que terá de arranjar um ou dois part-times para ganhar o suficiente para fazer face às suas despesas. Esse mesmo jovem sabe também, e, se não souber, alguém o há-de relembrar todos os dias, que se ele não quiser esse trabalho, não falta quem esteja desejoso de o ter.

Eu próprio tenho este tipo de conversas com o meu pai e quando lhe conto algumas situações práticas do que realmente se passa no mundo do trabalho, ele recusa-se a acreditar e afirma que isso são histórias e que não percebe como há alguém que oferece semelhantes condições aos seus empregados e espera que eles tenham um bom desempenho profissional.

Isto para dizer que o meu pai e os pais dos meus amigos, que na sua generalidade não são licenciados, nunca tiveram de trabalhar horas a mais, nem acumular trabalhos para pagar as contas. Na cabeça deles, é impensável que um licenciado tenha de trabalhar mais e ganhar menos do que eles sempre ganharam.

O que é certo é que esta é a mais pura das verdades e que esse jovem, que usamos como exemplo, representa os milhares e milhares de recém-licenciados que todos os anos procuram emprego.

A realidade parece um pouco sombria e ninguém nos augura, a nós jovens, nada de bom. Todavia, e contrariamente ao que possa parecer, este post não foi pensado para ser um lamento. Quando tive a ideia de o escrever, foi com uma intenção completamente diferente. Isto porque olho para estas dificuldades apenas como mais uma oportunidade para demonstrarmos o quão bons somos. Estou habituado a discutir este assunto com demasiada frequência e quem o discute comigo pode atestar a minha crença no que aqui digo e defendo. É certo que temos todas as razões para nos lamentarmos, mas se, ao invés disso, dermos o nosso melhor e cumprirmos todas as etapas que dependem de nós, mais tarde ou mais cedo seremos recompensados. Acreditem ou não, este raciocínio é, para mim, um axioma, um verdadeiro princípio de vida. As probabilidades podem não estar a nosso favor, a nossa história pode não começar da melhor maneira, mas, ainda que saibamos que existem coisas que nos ultrapassam, se fizermos tudo o que de nós é esperado, se cumprirmos os requisitos com esmero e não deixarmos nada que dependa de nós por fazer, eu acredito, com a mais pura das inocências e com a mais forte das fés, que acabaremos por encontrar o nosso caminho, acabaremos por descobrir o nosso lugar e saberemos dar-lhe o seu devido valor. E aí a vitória será saborosa, será maravilhoso sentir que, no final, tudo realmente depende de nós, do nosso valor e da nossa força.

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