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A arte de mentir

Não deveria ser, mas na realidade é, a maior parte das vezes. Pensa o povo que para se ser um bom político tem de saber mentir e convencer os eleitores de que o que propagandeia é a mais pura das verdades.

Fazer publicidade da verdade tem fortes probabilidades de acreditarem mais na mentira do que na verdade.

Dizem também sobre certos políticos: Este não vai longe, porque é demasiado sério e não sabe mentir.

Eu sou um aprendiz de política, mas, quando em 1991 fui cabeça de lista do CDS, no Círculo da Europa, pela primeira vez, num debate na Rádio Alfa de Paris, o director dessa rádio portuguesa, Ricardo Botas, que já havia sido director do jornal do PCP, O Diário, disse que o melhor programa era o meu, mas que eu “não seria eleito porque era do CDS” (sic).

O melhor programa, por conseguinte, não correspondia à possibilidade de eleição, mas o mesmo programa num PS ou num PSD seria suficiente para ser eleito.

Passemos ao objectivo deste arrazoado:

A UE exige de Portugal o cumprimento do Tratado Orçamental ou seja uma das suas regras conhecida pelo PEC, quer dizer, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, o qual não permite que a despesa do Estado ultrapasse os 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

O seu não cumprimento equivale à aplicação de sanções pecuniárias ou congelamento de recebimento de fundos estruturais para o desenvolvimento.

Portugal ultrapassou em duas décimas os 3% em 2015, e, portanto, ficou sujeito à aplicação das tais sanções, pois se todos os países ultrapassarem este valor de despesas públicas a moeda única pode sofrer oscilações prejudiciais para os agora grupo dos 27.

Se houver correcção do déficit, Portugal entrará em cumprimento.

Acontece, porém, que o governo da geringonça não tem medidas que visem essa correcção e antes pelo contrário.

A reposição de salários à função pública, para agradar aos partidos radicais que apoiam o governo, a diminuição do IVA à restauração, que é receita do Estado, a capitalização da Caixa na ordem dos 4 mil milhões de euros, por péssima administração do banco público por parte de elementos ligados ao regime, os vários subsídios distribuidos a granel, a diminuição das exportações, o desemprego constante e em aspiral, o fraco investimento por desconfiança, por se saber quem apoia o governo, são as situações mais conhecidas que impedem a correcção.

As duas principais instituições financeiras de Portugal, que merecem credibilidade, a própria UE, e outros analistas económicos afirmam que o governo não consegue cumprir sem um Plano B.

Surge o discurso do “optimismo irritante” do PM Costa a dizer que Portugal não pode ser sancionado e que não necessita de nenhum Plano B, o que equivaleria a impor austeridade.

Quem mente?

Quem possui essa arte tão peculiar e habitual nos políticos, sobretudo quando são de esquerda?

Três organismos credenciados afirmam que Costa não irá cumprir aquilo a que é obrigado.

Serão eles que mentem?

Tanta gente a mentir?!

Temos, por consequência, uma única personalidade a afirmar-se pela “verdade”?

Digamos então, e de preferência, que o PM Costa é ardiloso e especialista na arte de mentir.

Esta arte já vem desde as eleições, quando as perdeu, e num autêntico “flic flac”, fingia que negociava com a Coligação, enquanto no vão de escada, onde a luz rareava, num ambiente propício à conspiração, acordou com os radicais, mentindo descaradamente aos eleitores, um governo único na Europa, juntando-se a anti-europeistas, fazendo-lhes engolir sapos e elefantes, para que fosse possível derrotar a direita e logicamente esta não governar.

A acusação era o peso da austeridade, o que o leva a insultar o Ministro das Finanças alemão quando este ameaçou que Portugal corria a passo acelerado para mais um resgate.

O mentiroso luso-indiano faz lembrar aquele “dito” entre uma cobra e um indiano.

Qual deveremos matar?

Agora surge ainda o impiedoso mentiroso a criticar a percentagem do PEC, que impede o crescimento e o desenvolvimento económico.

É bem verdade que os 3% foram considerados num plano razoável na época em que a UE crescia a bom ritmo.

Contudo, nos tempos actuais, o crescimento é fraco.

Logo os gastadores do partido do mentiroso aproveitaram para desejarem negociar a percentagem do PEC.

Há tempos numa entrevista televisiva, o dinossauro pré-histórico lider do PCP (ainda existem em Portugal!) afirmava que o PEC poderia ser de 4% ou 5%.

O que ele desejaria era gastar a seu bel prazer e, se tivéssemos o escudo, ele faria funcionar a desvalorização ou a valorização também à vontade do camarada.

Tudo do Estado, para o Estado e pelo Estado é a democracia de mais um mentiroso na política.

A arte de mentir faz parte do ADN da geringonça, pois ela não gosta do cumprimento de regras que lhe façam barreira ao despesismo habitual.

Se houver uma nova intervenção internacional do tipo “troika” a punição não pode ser apenas política afastando-os do governo por meio de eleições.

Há celas na prisão de Évora que esperam pela geringonça.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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